Sex and the City (dessa vez em Paris). Lily Collins está tendo seu momento Carrie Bradshaw com uma glamorosa nova série da Netflix que se passa na capital francesa. Ela conta a Jane Mulkerrins sobre se apaixonar, se desculpar com seu pai famoso, Phil, e finalmente aprender a relaxar.
Conversamos por boa parte do fim de semana anterior, Lily Collins ameaça derreter meu laptop enquanto eu choro incontrolavelmente com sua nova série, a maratonável comédia que se passa em Paris. Sua personagem, Emily, acaba com a energia do prédio quando tenta colocar seu vibrador com uma tomada norte americana no local errado depois de fazer sexo pelo facetime com o namorado, que está nos Estados Unidos. Ela então muda para deflorar o irmão de 17 anos da amiga, o herdeiro de uma casa de champanhes, no chateau dos pais dele.
Nascida em Guildford e criada em Los Angeles, Collins tem um currículo sólido, sendo a filha de Sandra Bullock em The Blind Side, Snow White em Mirror Mirror e Fantine na última adaptação de Les Misérables, feita pela BBC, mas agora a moça, que já fez 31 anos tende a interpretar mais papéis modelo do que comédia. Na verdade, suas realizações num total foram escondidas por seu pai famoso, o cantor britânico Phil Collins, que se separou da mãe de Lily, que foi sua segunda esposa, a negociante de antiguidades Jill Tavelman, quando ela tinha cinco anos de idade. Lily e sua mãe se mudaram para Los Angeles e ela só via o pai em férias da escola.
Na coleção de redações pessoais de Collins de 2017, o livro Unfiltered, No Shame, No Regrets, Just Me, ela escreveu uma carta aberta ao seu pai. “Todos fazemos escolhas e, embora eu não perdoe algumas das suas, no fim do dia não podemos reescrever o passado,” ela escreveu. “Estou aprendendo a aceitar suas ações e vocalizar como elas fazem me sentir. Eu aceito e honro a tristeza e raiva que eu senti pelas coisas que você fez ou não fez, me deu ou não me deu.”
Ela falou no passado sobre como a ausência do pai e os divórcios turbulentos a deixaram fora de controle e canalizaram seu trauma em anorexia e bulimia durante sua adolescência e parte da vida adulta.
“Minha garganta queimava e meu esôfago doía,” ela disse. “Minha menstruação parou por dois anos. Eu estava apavorada que havia destruído minhas chances de ter filhos.”
Depois de se recuperar, ela perdeu uma dose considerável de peso para interpretar uma jovem anoréxica no filme de 2017 da Netflix, To The Bone. A reação do público foi absurdamente grande, ela diz. “De meninos, meninas, pais, avós, pessoas que tiveram irmãs que passaram por isso, pessoas que elas mesmas passaram por isso e puderam assistir com os maridos ou namorados ou namoradas,” ela diz. “Foi por isso que fizemos isso – para fazer as pessoas se sentirem menos sozinhas, e fazer elas perceberem que isso afeta mais pessoas do que pensamos, e está tudo bem e você não deveria estigmatizar doenças como essa.”
Hoje, no Zoom de sua casa em West Hollywood, ela não apenas venceu seus demônios e está saudável e feliz (e muito apaixonada – o que veremos a seguir), mas ela também conseguiu remover a manta do seu parente famoso e se tornar um nome próprio digno dela mesma com sua nova comédia Emily In Paris, do time dos sonhos Darren Star e Patricia Field – o criador e estilista de Sex and the City. Emily está no caminho de se tornar uma millenial Carrie Bradshaw, andando pelas ruas da Cidade Luz em Louboutins e fazendo vários posts no Instagram de casa pain au chocolat que ela encontra. (Collins também não é fraca quando se trata de redes sociais, com 19 milhões de seguidores no Instagram.)
Emily chega com sorte em Paris, sendo despachada da sua agência de marketing em Chicago para ensinar aos seus colegas franceses um pouco das estratégias norte americanas de marketing. A situação peixe fora d’água poderia se tornar um clichê, mas tem uma marca do Starr com várias situações e affairs, piadas obscenas e uma piada particularmente apontada para a primeira dama francesa, Brigitte Macron (24 anos mais velha que seu marido) e um produto chamado Vaga Jeune. Emily é incentivada a abandonar seu pudor americano por seu gostoso vizinho chef (que tem uma namorada, mas beija ela de qualquer maneira) e a esposa do seu cliente que vende perfumes, que a convida para ser a nova amante de seu marido. (A chefe de Emily já é a amante – ai.)
E graças ao jeito de Collins, a diligência desastrosa de Emily é colocada para fora. “Se você escrevesse todos os atributos dela em um pedaço de papel, essa menina poderia ser muito irritante,” Collins concorda. “Ela é otimista, engenhosa, fala alto, é brilhante, um pouco óbvia, ela ama trabalhar, e admite tudo isso. Ela diz ‘Eu sou uma vadia básica.’ Ela é ela sem desculpas, e eles [seus colegas franceses] acabam aceitando isso.”
O figurino são, é claro, estrelas próprias. “Patricia é um gênio com padrões, texturas, cores, estampas, formatos e misturar e combinar tudo junto. Às vezes você pensa: como isso vai funcionar? Então você experimenta e fica meio, como não funcionaria!” Collins diz.
Há também, ela diz, “muita Chanel e Louboutin, mas também muita coisa diferente. Um pouco de Sandro, um pouco de Maje, um pouco de Zara, peças vintage, vários designers parisienses.” A roupa favorita dela foi um vestido preto de Christian Siriano com uma tiara de diamantes que foi, ela diz “uma homenagem a Audrey Hepburn… Naquela roupa, correndo pelo Opera House de Paris, eu me senti um pouco como a Carrie.”
Enquanto Emily chega sem falar quase nada de francês, Collins costumava ser “bastante fluente. Eu costumava falar com meus irmãos mais novos em francês,” (A terceira esposa do pai, Orianne Cevey, com quem ele se divorciou mas acabaram se reunindo na Suíça, agora tem dois filhos, de 19 e 15 anos.) “E pensei, isso é ótimo, estou filmando em Paris, vou me sentir europeia por quatro meses.” Ela conta. “Nunca me senti mais americana.”
A última vez que Collins e eu nos encontramos, na primavera de 2019, ela estava solteira e conversamos sobre seus amigos casando. “Minha vez vai chegar, sei que vai,” ela falou sobre relacionamentos sérios. “Estou tão animada pra quando isso chegar.”
Pouco tempo depois ela conheceu Charlie McDowell, um diretor de 37 anos filho do ator britânico Malcolm McDowell e sua ex-esposa, a atriz Mary Steenburgenen, filho emprestado de Ted Danson e agora namorado de Collins há um ano mais ou menos. Então tem muitas celebridades em uma relação. “Foi louco, como se eu tivesse manifestado isso ou algo assim,” ela diz hoje. Ela não quer conversar sobre como eles se conheceram, mas ela diz: “Foi instantâneo. Acho que eu estava esperando por isso.” Eles se assumiram em agosto do ano passado, e em dezembro provaram seu comprometimento adotando juntos um cachorro, Redford. Ela parece incrivelmente feliz, eu comento. “Eu estou!” ela sorri. Enquanto ela estava carismática e falante 18 meses trás, hoje tem uma nova confiança e ela parece muito mais solta. Na semana depois de nos encontrarmos, ela anunciou o noivado no Instagram. Aconteceu em uma viagem romântica para o Novo México: “Eu sabia que ele era o escolhido desde sempre,” ela fala em um email.
Hoje em dia ela tem uma relação mais próxima com o pai também, visto no post de dia dos pais em seu Instagram nesse ano. Acompanhado de uma foto de Phil lendo para uma bebê Lily, ela escreveu: “Feliz dia doa pais para o meu primeiro contador de histórias. Obrigada por incentivar minha paixão por ser criativa. A carona para essa criatividade na minha vida. E a determinação para viver meu sonho ao máximo apesar dos obstáculos no meu caminho. Quando mais velha eu fico, mais eu entendo e mais eu aprecio. Não importa a distância entre nós, um pouco de mim está sempre com você e uma parte de você, comigo. Eu te amo até a lua ida e volta…”
Graças ao corona vírus, entretanto, ela não viu o pai, que agora vive em Miami Beach com Cevey, em pessoa desde antes do lockdown. Mas quando perguntei a ela sobre o hit do verão – um vídeo dos Youtubers Tim e Fred Williams, mais conhecidos como Twins-thenewTrend, ouvindo o hit e Phil Collins de 1981 “In The Air Tonight” pela primeira vez – ela sorri. “Tenho certeza que não fui a única, mas eu enviei pra ele e ele achou hilário. Eu recebi tweets com esse vídeo tantas vezes e então estourou, e foi para o número 1. O poder das mídias sociais,” ela ri. “Emily teria pensado uau, isso é inteligente.”
Seu próprio lockdown foi caracterizado por acampamentos e viagens de carro com McDowell, e ela fala sobre a tenda com visão para o céu, que fica no topo do carro, onde eles vão para dormir olhando as árvores e estrelas. Talvez um pouco injusto, mas eu não pensaria na delicada e fofa Collins como uma pessoa que gosta de ficar na rua – até hoje, em uma tarde de domingo, ela está em uma camisetona azul marinho, jeans e pouca maquiagem. Ela ri. “Muitos dos meus amigos perguntam ‘Quem é você?’ Mas você nunca vai saber a não ser que tente.”
Ela não finge por um segundo que isso aconteceu por conta da perda de controle com o corona vírus, “mas eu descobri algumas ferramentas agora – ler, ouvir podcasts, o apoio de uma pessoa amada, um cachorro, meditação, viajar de avião ou carro, me conectar com a natureza.”
“Eu sou introspectiva, então venho lendo vários livros do Glennon Doyle e Brené Brown e Jay Shetty”, ela diz. “Aprendi muito sobre mim mesma e outras coisas – para me entender melhor, mas também me tornar uma amiga, filha, parceira e irmã melhor.”
Nesse momento McDowell passa atrás e tenho uma breve vista de roupas. Ela precisa desligar logo para ajudar a “arrumar as malas e colocar no carro.”
Já que as produções de Hollywood ainda não recomeçaram, Collins não tem certeza qual será seu próximo projeto, “e não tem estratégia,” ela diz feliz. McDowell, um surfista desde a infância, vem ensinando a ela como surfar, o que a levou a uma nova perspectiva. “Eu não consigo lembrar da última vez que tentei algo novo e que eu podia falhar publicamente,” ela diz. “O tempo é precioso e tem tanto que eu não fiz e quero experimentar.”
Fonte: Sunday Times Style
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